... da totalidade das coisas e dos seres, do total das coisas e dos seres, do que é objeto de todo o discurso, da totalidade das coisas concretas ou abstratas, sem faltar nenhuma, de todos os atributos e qualidades, de todas as pessoas, de todo mundo, do que é importante, do que é essencial, do que realmente conta...
Em associação com Casa Pyndahýba Editora
Ano IV Número 44 - Agosto 2012

Conto - José Miranda Filho

Temple Bar Redevelopment, Dublin - Keith Thompson
15x11" Watercolor on Paper

Encontro de Amigos - Parte 9

Na semana seguinte, antes do embarque de retorno ao Brasil, agendamos um jantar para avaliarmos os pontos positivos e negativos da viagem que acabamos de realizar.

Dublin, como de costume estava cinzenta e fria. Um frio intenso e forte que penetrava na pela cortando-a qual uma lâmina de barbear. Meus lábios estavam ressecados e feridos. O céu parecia um manto negro cobrindo o horizonte que à distância nada se avistava. O sol não aparecia e as nuvens carregadas ameaçavam a aproximação de uma forte tempestade, que felizmente não chegou. O tempo, porém, permaneceu instável o dia todo, sem chuva, porém frio.

Dublin é a mais importante cidade da República da Irlanda, livre do poder dominante da Inglaterra. Está situada perto da ponte média da costa do leste da Irlanda, na boca do Rio Leffey, que corta a cidade. É o quarto País, entre cento e setenta e sete no mundo, em Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), conforme divulgação do PNUD, Programa das Nações Unidas. É também um importante centro cultural que atrai milhões de turistas todos os anos. Sua população atual está estimada em , aproximadamente três milhões de habitantes, ou mais, incluindo-se os imigrantes que vem de todos os recantos do planeta. Seus monumentos mais importantes são as pontes do Rio Leffey e os edifícios do governo. Na Irlanda fala-se, além do inglês, o irlandês ou “irisch”, segundo idioma do país, agora obrigatório nas escolas.

O acervo do Museu Nacional de Irlanda é muito rico e diverso. Lá se encontra de tudo. Na Biblioteca de Chester Beatty encontramos várias obras de poetas e escritores locais e de outras nacionalidades.

Esta era a última semana de nossa estada em Dublin, e por isso teríamos que aproveitar bastante o tempo restante. Não nos foi possível, infelizmente visitar a Catedral de Saint Patrick, majestosa e de imponente beleza, por estar fechada para reforma. Apenas contentamo-nos filmar o lado externo e fotografar seu jardim verde e florido. Demos um giro rápido pelo centro e tivemos uma visão dos edifícios e pontes, pubs, restaurantes e lojas de souvenir da cidade. No Parque Central, em frente a sua antiga residência, numa das ruas principais de Dublin, está erguida em tamanho natural a estátua do poeta e escritor irlandês, Oscar Wilde. Ao lado da estátua há um pedestal confeccionado em mármore preto, no qual se acham gravadas várias frases ditas ou escritas por ele. Como exemplos: “Eu bebo para manter o corpo e alma separados”, “Quem não é amado é pobre”, “Burrice é o nome que as pessoas dão ao seu próprio erro”, e várias outras, constantes de seus livros que ficaram famosas e atravessaram o tempo. Em Dublin há vários parques. Outro também famoso e conhecido pelo mundo é o Phoenix Park, verde, grande e arborizado, por onde milhares de pessoas passeiam todos os dias, andam a pé, de bicicleta e fazem piqueniques, utilizando-se de mesas e churrasqueiras colocadas no local para uso dos visitantes. Lá estão também as residências da Presidente da República da Irlanda e a do embaixador dos Estados Unidos, sem muito aparato de segurança daquela, mas de excitante cautela deste último.

A Grafton Street é a rua mais movimentada da cidade e reservada aos pedestres. É lá que se encontram os melhores hotéis e lojas de cidade. Na Kildare Street, estão o monumento do Parlamento, o Museu e a Biblioteca Nacional.O Trinity College, situado na Parliament Square é a mais tradicional instituição educacional de Dublin. Em seu edifício fica a famosa torre Campanile, projetada por Charles Lanyon em 1853. Deve ser visitada, obrigatoriamente.

Hoje, estamos no dia 25 de outubro, há menos de cinco dias de regressarmos ao Brasil. É também o dia consagrado às artimanhas das bruxas, o Halloween, Em 31 de outubro se comemora a festa de Hallowen, tradicional em toda Irlanda, tanto na República quanto em Belfast. É uma festa típica da Inglaterra, do Canadá e dos Estados Unidos. É costume nesse dia as crianças saírem de casa em casa, batendo nas portas, pedindo guloseimas, doces e balas. Todas as casas da cidade estarão neste dia ornamentadas com uma abóbora em forma de caveira, símbolo tradicional das bruxas. Mas, é uma festa alegre e civilizada que marca o fim do verão, a chegada do inverno e o término da última colheita. Ás 19 horas em ponto, horário combinado, chegamos ao restaurante Europe. Edward e Therese já nos esperavam. Cumprimentamo-nos e seguimos para a mesa indicada pelo garçom e reservada antecipadamente. Enquanto degustávamos um tradicional gole da Guiness, o garçom servia o jantar. Passamos horas e horas observando as fotos e discutindo os pontos negativos e positivos da viagem: Negativo os serviços de quarto, restaurante e bar do hotel em Milão, depois a hospitalidade do povo Milanês. A estadia em França, Espanha e Portugal não mereceu comentários, por acharmos dentro dos padrões normais da hospitalidade internacional. Após o jantar, fomos a um cinema assistir “Tropa de Elite” filme brasileiro, sucesso nas telas de Dublin. Às 24:00 recolhemo-nos ao hotel.

Durante o jantar Edward nos persuadiu permanecermos mais alguns dias em Dublin, a fim de aproveitar uma semana de suas férias que havia conseguido antecipar, somente para nos proporcionar novos entretenimentos e outros conhecimentos de seu país. Conseguimos adiar a viagem de volta ao Brasil para o dia 11 de novembro.

Na manhã seguinte, em seu automóvel rumamos para Belfast, Capital da Irlanda do Norte. A Irlanda é uma ilha que se divide em dois centros políticos. Norte e Sul, ou seja: República da Irlanda e Irlanda do Norte: Dublin e Belfast são suas capitais.

Belfast foi a única cidade da Irlanda a não sentir os efeitos da revolução Industrial. O desenvolvimento da indústria naval, de tecelagem e fumo elevou a população da cidade e se firmou como única exceção de desenvolvimento do Reino Unido. O povo, apesar do costume inglês é cordial e simpático. A cidade fica próxima à margem do Rio Lagan.

Uma coisa interessante que notei, é que Belfast está praticamente sobre o Rio Forst, nas margens do qual cresceu e se desenvolveu. O Rio é pequeno, sem importância hidroelétrica, razão pela qual hoje está canalizado e passa sob a High Street, tal qual o Anhangabaú em São Paulo.

A cidade de Belfast presenciou o pior conflito entre cristãos e protestantes, amenizado pelo acordo da Sexta Feira da Paixão, o “Good Friday”, fato que encorajou seus dirigentes a reconstruir a cidade, destruída em parte pelas desavenças dos grupos rivais. Surgiram assim obras monumentais como Victoria Square, Titanic Quarter, Langansider, incluindo o novo complexo Odissey e Water Front Hall. Existem duas grandes universidades: a University of Belfast e a University of Ulster, sendo que nesta última concentram-se as escolas de belas artes e designs.

Em Belfast conhecemos suas principais atrações e pontos turísticos: edifícios em estilo vitoriano e eduardino, erguidos em homenagem aos Reis Victorio e Eduardo, da Inglaterra: Albert Clock, um prédio suntuoso e belo, o edifício da Prefeitura, o campus da universidade de Belfast e tantos outras construções, como a sede do Banco Ulster, construído em 1860, o Northen Bank, construído em 1769 e o edifício da Biblioteca Linenhal Libray, construído em 1788. No porto, de onde vimos à distância observamos os guindastes do estaleiro Harband and Wolff, chamados de Sansão e Golias, que auxiliaram a construção do famoso navio Titanic, naufragado em 1912, exatamente no dia 15 de abril, no Atlântico Norte, em sua primeira viagem. Este navio pertencia a Companhia White Star, propriedade do famoso milionário americano J.P.Morgan, também dono de varias empresas e do famoso e tradicional banco J.P.Morgan.

Em algumas ruas da cidade de Belfast, ainda restam de murais que simbolizam a luta fundamentalista de duas crenças. São murais protestantes os fieis à Coroa Inglesa, católicos, os simpatizantes da liberdade e da união da Ilha. Outro fato interessante que notei em Belfast foi o Bar Crow Liquor Saloon que fica do outro lado da Great Victoria Street, que saiu ileso, sem nenhuma marca de bala durante os conflitos religiosos e políticos. Segundo dizem os frequentadores, isso aconteceu porque Deus protege os bêbados, tal qual ironizado por Oscar Wilde. Nada mais justo, já que o povo irlandês é tido como bom bebedor de cerveja. Há ainda em Belfast o edifício mais alto de toda a ilha da Irlanda: o edifício Windsor Hause que tem 80 metros de altura e 23 andares.

Depois de percorrermos a cidade, já quase quinze horas, resolvemos parar para almoçar num restaurante local e saborear a deliciosa comida Irlandesa à base de peixes. Come-se bem na Irlanda, talvez não como no Brasil. Depende do gosto e do bolso de cada um!

Após o almoço retornamos a Dublin aonde chegamos por volta de vinte e três horas. Noite, como sempre fria e nublada. O fog britânico característico era bem visível.

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